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www.coordenadaslab.pt
O Coordenadas nasce da inquietação sobre o que significa habitar um espaço, transformar um território, ou resgatar memórias. É um projeto de simbiose entre o corpo e o lugar, um gesto que se inscreve no espaço público e o ressignifica, fazendo dele um organismo vivo, mutável e em constante negociação com aqueles que o atravessam. Porque um lugar não é apenas a sua estrutura física, mas sim o que nele persiste para além do visível, nos encontros e nas histórias que o habitam. Se um espaço pudesse falar, o que diria? E se o corpo pudesse responder, o que faria?
Através da performance e das artes visuais, o Coordenadas, enquanto um laboratório para o território, propõe uma reflexão profunda sobre o espaço e os seus fluxos, explorando a forma como a arte pode atuar como agente de transformação social. A performance torna-se assim uma fissura na normalidade, uma interrupção que revela novas camadas do real, um lugar de experimentação onde as dinâmicas do quotidiano são temporariamente suspensas para dar lugar a outra maneira de ver, de sentir, ou de estar. Mas o que acontece para lá da performance? Depois do final do espetáculo, o que permanece? As pessoas voltam a esse espaço? E de que forma a memória do acontecimento se inscreve na matéria do território?
Pode um lugar ser lido como um corpo? Pode um corpo ser um mapa de territórios? O que faz do espaço um lugar? Será a sua história ou as pessoas que o habitam?
A proposta não é apenas artística, mas também política e social. Encara o espaço público como um campo de possibilidades onde a criação artística se entrelaça com o urbanismo, onde a história de um lugar dialoga com as suas camadas invisíveis e esquecidas, onde se cruzam vozes e narrativas que reivindicam a sua presença. Porque a arte não é um adereço, mas um gesto que pode ser subversivo, transformador. O projeto desenha-se na fronteira entre a memória e a projeção do futuro, refletindo sobre o que foi apagado, sobre aquilo que precisa de ser resgatado e sobre o que ainda pode ser imaginado. A gentrificação e a crescente desocupação dos espaços sociais convocam a necessidade de agir sobre os territórios, reequacionar a sua identidade e compreender de que forma os seus habitantes podem participar na sua transformação.
O Coordenadas propõe uma escuta ativa, um processo de envolvimento com as comunidades, um trabalho conjunto com artistas, arquitetos, urbanistas e cidadãos criativos e não criativos na construção de uma nova forma de habitar. Coloca a arte no centro de um processo que não se encerra num evento efémero, mas se prolonga no tempo e na experiência de quem ali permanece. Como construir redes que vão para além do instante? Como inscrever novas práticas de vivência e apropriação do espaço? Como fazer da performance um campo de reflexão sobre as relações que estabelecemos com os territórios?
O bem-estar cultural surge como um conceito transversal que nos guia, como uma urgência em reafirmar o direito à cultura, ao encontro, à contemplação, num tempo em que a pressa e a funcionalidade dominam os territórios. O espaço precisa de arte? Ou a arte precisa de um espaço? Ou, talvez, seja a fusão entre ambos que gera a verdadeira transformação?
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